com opinião de: Murilo Vasques Carminati Amati
A razão é a capacidade que define o ser humano. Como capacidade relacionada diretamente ao próprio conceito de livre arbítrio, é igualmente distribuída entre todos os seres humanos.
A opinião é uma das instâncias, não a única, em que se verifica o uso bom ou mau da razão.
Para Sócrates, esse bom uso pode ser verificado apenas negativamente, pela determinação e eliminação das opiniões falsas; a razão, enquanto capacidade, não vai muito além de si mesma, apenas até a negatividade do falso que, vista positivamente, é tão somente uma pobre certeza vazia.
Valorizamos muito quem tem opinião. Esse elemento tão barato é indispensável aos grandes homens. Acredita-se que opinião ou você tem, ou não. E, se não tem, você não é lá grandes coisas. E com o advento das redes sociais, blogs e demais conversas virtuais todos podem emitir opinião sobre tudo sem sair de casa, sem levantar do sofá.
Mas, na verdade, essa palavra tão prezada – derivada do conceito grego de doxa – é alvo de grande desprezo na Filosofia. A opinião, ao contrário do conhecimento empírico - do desenvolvimento da teoria -, nada mais é do que o saber que já se tem e que não possui valor.
A opinião não é construída, não é científica e não é a verdade.
Mas, isso não me parece mais do que opinião de alguém.
Na realidade, opinar é consultar a prudência, a justiça, o saber popular e expressar algo que, se não é a realidade (ou a verdade em si) é, no mínimo, uma face dela. O que para muitos basta apenas uma câmera na mão e poucas idéias na cabeça.
Sabemos muito bem, e em algum momento na História isso se provou, que a verdade não existe, a ciência é uma falha e não há racionalidade que garanta a felicidade plena da raça humana. Mas isso tudo é só questão de opinião.
Se a verdade não existe ou, pelo menos, não podemos compreendê-la plenamente, nos resta apenas apegarmo-nos àquilo que nos parece razoável – e não necessariamente racional -, àquilo em que sentimos que devemos acreditar.
Todo ser humano possui a capacidade de conjecturar, contrabalançar e consultar a sua própria consciência sem a necessidade de instrução de outrém.
Essa processo criativo resulta no produto que eu chamo aqui de Opinião.
Existe, então, alguém que não tenha capacidade opinativa? Obviamente, não. Não pode existir um homem que não consiga opinar. Mas, isso quer dizer que todas as opiniões equivalem em valor? Igualmente, não.
Muito diferente da ideia da doxa grega, a opinião não está pronta. É, sim, profundamente subjetiva e individual, mas é fruto da capacidade de cada um de observar e entender aquilo que vê.
Assim como todos nós evitamos opinar sobre aquilo que não conhecemos (ou seja, sobre aquilo que não vimos), também não damos o mesmo valor para duas opiniões sobre o mesmo tema. Tendemos respeitar mais as considerações daquele que mais viu sobre o assunto ou que se dedicou mais tempo a pensar sobre ele.
O fato é que temos que nos esforçar cada vez mais para sermos sensatos ao expressar nossas opiniões e, também, por que não, ao ouvir a dos outros.
Enfim, opinião: ou você produz, ou não produz. Ou a sua vale, ou ela não vale. O que não pode é negar que é necessário ter.
A politica nos ensina a ter e a saber respeitar opiniões, mesmo as mais repulsivas mesmo as mais desprovidas de razão, de argumentos, de capacidade e conhecimentos para ser omitida.
E o pior é quando ocorrem disfarçando interesses, por conveniência política, para incitar a difamação. Gente que pensa que pensa.
Es a democracia.
Olha só! Hoje encontrei este texto aqui postado. Mal sabia que o senhor havia levado em conta minha humilde opinião sobre o assunto. =D Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirObrigado por sua participação.
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