A idéia que impera no mundo globalizado é de que estamos todos ligados numa rede internacional que forma a chamada aldeia global.
Os homens não estão mais isolados. A comunicação é em tempo real.
A rede está em toda parte. O mundo virtual nos enreda nesta rede que ninguém sabe quem teceu.
Mas enquanto o mundo fala em internet, globalização, rede mundial de computadores, comércio e relacionamento, sem querer eu encontrei um homem que tece uma rede completamente indiferente a esse mundo sem fronteiras que tanto se fala.
Ele apenas senta na sombra de uma arvore, que fica na calçada da sua casa e tece sua rede. Rede de pesca. Rede que enlaça, que alimenta, que sustenta.
Numa cidade conhecida mundialmente por seu minério elemento chave para alimentar os fornos que aquecem o mundo, conhecida também por ser a capital nacional dos hackeres, este homem aparentemente não esta nem ai para chips, computadores e complementares.
Ele apenas tece a sua rede. Talvez por distração, por terapia ocupacional. Não importa ele apenas tece sua rede. Parece uma afronta a nosso mundo global. Ele é indiferente a nossa sede de orkut, facebook, twitter, msn e mercado livre. Ele está ali, tecendo sua rede. Vendo as pessoas passarem como formigas em busca de folhas.
Não o vejo como um alienado, prefiro vê-lo como um sábio. Um Diogenes atual que não liga para os Alexandres que passam. A sabedoria dos que já viram muita coisa, que já viveram experiências sólidas. Que talvez já tenha percebido que o mundo vive nesse eterno retorno, sem um fim definido.
E o que hoje é ultrapassado já foi novidade um dia, o mesmo que acontecera no futuro com as novidades de hoje. E se tiver tempo, talvez o homem que tece a rede, possa dizer ainda tecendo sua rede “Eu já vi esse filme antes”.
Nota: Este texto foi escrito originalmente no ano de 2006 quando eu morava na cidade de Parauapebas. O homem que tecia a rede era meu vizinho.
Muito Interessante! Alias surpreendente!
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