segunda-feira, 27 de abril de 2015

A cidade somos nós.

Já escrevi aqui neste blog:

“Uma cidade é feita de um amontoado de casas e de sonhos. Uma cidade surge dos anseios de um povo que se une pela força das circunstancias, dos objetivos, dos sonhos de pioneiros ousados que desbravam todas as dificuldades, vencem os desafios e ousam sonhar.”

O entendimento é que a cidade não é algo abstrato, individual ou exterior a cada um de nós. A cidade somos nós. Em nossos caminhar, aos encontros e desencontros nestas ruas.
Nos eventos do cotidiano. Nos momentos de festa ou de dor coletiva. Na lembrança de nossa infância, na criação de nossos filhos.

A cidade de antes, vista através da janela do seu Nestor, cantada nas rimas  e eternizadas nas imagens de nossos poetas sejam os que usam canetas, pincéis ou maquinas fotográficas.
A cidade sendo nossa casa é nossa responsabilidade enquanto indivíduos. Não devemos transferir este compromisso e nos abstermos de fazer, de pensar, de zelar, de viver a cidade.
Construção coletiva, amor coletivo, fazer coletivo.

Eu te convido a ler comigo este texto grego com muita atenção. Este juramento era feito por todo jovem ateniense ao atingir 17 anos:
“Não causaremos desgraças a nossa cidade por atos de desonestidade ou covardia. Lutaremos individual e coletivamente pelos ideais e tradições da cidade. Prestaremos reverência e obediência às leis da cidade e envidaremos os melhores esforços para que nossos superiores - que podem modificá-las ou anulá-las - as respeitem também. Lutaremos sempre para incentivar o povo a desenvolver consciência cívica. Através deste procedimento, deixaremos uma Cidade, não apenas igual, mas maior e melhor do que aquela que nos foi legada.”

Este era um juramento especial que colocava no coração do jovem, na forma de uma aliança com a sua sociedade, o valor do compromisso. Eles não deveriam simplesmente ser cidadãos exemplares, deveriam também garantir que a próxima geração recebesse os mesmos benefícios que eles receberam.

Quem sabe até mais benefícios. Os atenienses sabiam que a cultura, as leis e as cidades eram patrimônio de todos. Os seus netos deveriam ver a glória da Grécia.
Que possamos ser imbuídos do sentimento de cidadão envolvidos em nossa cidade não causando desgraça e deixando uma cidade melhor para nossos descendentes. Este é um dever coletivo.

Diante da postura critica de alguns cidadãos em apontar problemáticas, questionar a postura dos seus gestores e pouco propor soluções coletivas, como se pudesse sentir o problema e terceirizar a solução...vem o questionamento a participação é um direito ou um dever dos cidadãos?

Não podemos deixar de mencionar que a cidade é um produto público como um bem comum, e, portanto, deve ser construído coletivamente. Processos participativos ensinam novos valores, novas formas de entender e apreciar a cidade e, portanto, novas formas de atacar os problemas das comunidades urbanas.

O envolvimento da comunidade é necessário e deve ser uma constante na medida em que os cidadãos demonstram um maior compromisso com seus deveres, é quando se valida a legitimidade de seus direitos, é por isso que a cidadania deve ser um jogador-chave neste processo. E isso vai muito além das redes sociais.


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