Já escrevi aqui neste blog:
“Uma cidade é feita de um amontoado de casas e de sonhos.
Uma cidade surge dos anseios de um povo que se une pela força das
circunstancias, dos objetivos, dos sonhos de pioneiros ousados que desbravam
todas as dificuldades, vencem os desafios e ousam sonhar.”
O entendimento é que a cidade não é algo abstrato,
individual ou exterior a cada um de nós. A cidade somos nós. Em nossos caminhar, aos encontros e
desencontros nestas ruas.
Nos eventos do
cotidiano. Nos momentos de festa
ou de dor coletiva. Na lembrança de nossa infância, na criação de
nossos filhos.
A cidade de antes, vista através da janela do seu Nestor,
cantada nas rimas e eternizadas nas imagens de nossos poetas sejam os que
usam canetas, pincéis ou maquinas fotográficas.
A cidade sendo nossa casa é nossa responsabilidade
enquanto indivíduos. Não devemos transferir este compromisso e nos abstermos de
fazer, de pensar, de zelar, de viver a cidade.
Construção coletiva, amor coletivo, fazer coletivo.
Eu te convido a ler comigo este texto grego com muita
atenção. Este juramento era feito por todo jovem ateniense ao atingir 17 anos:
“Não causaremos desgraças a nossa cidade por atos de
desonestidade ou covardia. Lutaremos individual e coletivamente pelos ideais e
tradições da cidade. Prestaremos reverência e obediência às leis da cidade e
envidaremos os melhores esforços para que nossos superiores - que podem
modificá-las ou anulá-las - as respeitem também. Lutaremos sempre para
incentivar o povo a desenvolver consciência cívica. Através deste procedimento,
deixaremos uma Cidade, não apenas igual, mas maior e melhor do que aquela que
nos foi legada.”
Este era um juramento especial que colocava no coração do
jovem, na forma de uma aliança com a sua sociedade, o valor do compromisso.
Eles não deveriam simplesmente ser cidadãos exemplares, deveriam também
garantir que a próxima geração recebesse os mesmos benefícios que eles
receberam.
Quem sabe até mais benefícios. Os atenienses sabiam que a
cultura, as leis e as cidades eram patrimônio de todos. Os seus netos deveriam
ver a glória da Grécia.
Que possamos ser imbuídos do sentimento de cidadão
envolvidos em nossa cidade não causando desgraça e deixando uma cidade melhor
para nossos descendentes. Este é um dever coletivo.
Diante da postura critica de alguns cidadãos em apontar
problemáticas, questionar a postura dos seus gestores e pouco propor soluções
coletivas, como se pudesse sentir o problema e terceirizar a solução...vem o
questionamento a participação é
um direito ou um dever dos cidadãos?
Não podemos deixar de mencionar que a cidade é um produto
público como um bem comum, e, portanto, deve ser construído coletivamente.
Processos participativos ensinam novos valores, novas formas de entender e
apreciar a cidade e, portanto, novas formas de atacar os problemas das
comunidades urbanas.
O envolvimento da comunidade é necessário e deve ser uma
constante na medida em que os cidadãos demonstram um maior compromisso com seus
deveres, é quando se valida a legitimidade de seus direitos, é por isso que a
cidadania deve ser um jogador-chave neste processo. E isso vai muito além das
redes sociais.