* texto retirado de anotações próprias de um curso de oratória que fiz ha mil anos atrás.
Pretender esmagar seu opositor no
debate é um equívoco desaconselhável. O compromisso básico é mostrar seus
argumentos, justos, abalizados, coerentes e sérios, deixando que o público faça
o julgamento e opine.
Um debate é uma oposição de
ideias, não de pessoas. É uma proposta contra outra proposta. Exposição de
alternativas, visando naturalmente chegar ao melhor, nunca a superação de
alguém por outrem. Quem costuma confundir esta lógica são os políticos
profissionais.
Humilhar seu oponente não é boa
prática. Você poderá transformá-lo em vítima, influenciar negativamente a
decisão, sacrificar a sua proposta. Doutor Ulisses Guimarães dizia “adversário
não é inimigo”.
Provocação não se responde
imediatamente. Respire, raciocine, não interrompa o interlocutor, dê tempo a
você mesmo. Equilibrado do primeiro impacto, inicie a resposta. Se lhe fizerem
mais de uma, peça para fazê-las por etapas e vá respondendo. Seja direto,
aberto, franco, preparado, gentil e delicado.
Há pessoas tipo pavio curto que
perdem o equilíbrio emocional e todos os debates com muito pouco. Elevam a voz,
gritam e ofendem o outro debatedor. Na verdade, se desestabilizam, entram na
tática do outro. O público passa a ficar confuso, não percebe a contento o
conteúdo do que propunha.
Emoções contagiam e podem
desencadear tendências indesejadas. Nestes momentos cautela é decisivo. Não
seja arrogante. Arrogância é um severo obstáculo para aceitação. Nariz empinado
nem pensar. Cara feia não adianta, afinal, ninguém presta atenção a debatedor
irritado.
Ser muito rápido nas respostas
pode significar um aumento de chances de errar, errar até o alvo. Sorria e
conquiste os outros por simpatia e conteúdo, com cuidado para não passar
excesso de confiança.
Opinião: Desmontados os palanques os debates continuam. Agora de forma mais construtiva, mas eficiente e (espera-se) cada vez mais democrática.